À primeira vista, o quadro mostrando as tendências de importação de carne de frango no corrente exercício não apresenta grandes variações no tocante aos 10 principais importadores que (puxados sobretudo pela China, mas também por África do Sul e Rússia) tendem a – nas primeiras projeções da FAO para 2021 – reduzir seu volume de compras em mais de 1%.
Porém, o quadro tem agora, na quarta posição, um “novo” integrante resultante do Brexit: o Reino Unido, cujas importações superam as dos demais 27 componentes da União Europeia. Um integrante que, na realidade, corresponde a quatro diferentes países – Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte – e que, junto com os outros três países já mencionados, deve reduzir suas importações em mais de 2%.
Independentemente, porém, das tendências para 2021, o AviSite procurou levantar como evoluiu a participação desses 10 países ou blocos de países nas exportações mundiais de carne de frango em uma década. Para a avaliação, consultaram-se os dados da FAO relativos 2011.
Curiosamente, a participação desses 10 importadores no total mundial previsto para este ano é praticamente a mesma de 10 anos atrás, com variação de apenas 1,05 ponto percentual (de 54,57% do total para 55,62%, aumento de 1,93%). Mas, internamente, algumas mudanças foram bastante significativas, até radicais – para mais ou para menos.
E, aqui, o caso mais gritante é, sem dúvida, o da Rússia, cuja participação nas importações mundiais deve, em 2021, retroceder mais de 60% em relação a 2011. Mas igualmente expressivas são as quedas previstas para Angola (menos 27%) e Arábia Saudita (menos 20%).
No sentido oposto – isto é, aumentando sua participação no total mundial – se encontram quatro países, mas apenas dois se colocam como grandes importadores da carne de frango brasileira: Japão e África do Sul. Ou seja: os maiores avanços (+26,60% do México; +43,15% de Cuba) estão previstos para os vizinhos dos EUA (neste ano, entre janeiro e abril, primeiro e segundo maiores importadores da carne de frango norte-americana; já em relação ao produto brasileiro se colocaram na 15ª e 25ª posições, respectivamente).
Nesta análise é impossível avaliar a participação do Reino Unido em 2011 pois, então, seus dados estavam inclusos nos da União Europeia. Da mesma forma, seria incorreto afirmar que a participação da UE tende a um recuo de mais de 25%, porquanto nos dados de 2011 estavam inclusas as importações do Reino Unido.
Como observação final, breve comentário em relação à China que, aparentemente, só recorreu maciçamente ao mercado externo depois de 2018, com a quebra de sua produção de carne suína em decorrência da peste suína africana.
Pois 10 anos atrás a China já estava colocada como o maior importador mundial de carne de frango. Aliás, se confirmadas as projeções de importação chinesa levantadas pela FAO, em 2021 sua participação no total mundial será quase 10% menor que em 2011.
Ressalte-se, neste caso, que o recuo chinês não se resume à participação no total importado mundialmente, mas se estende também ao volume. Assim, enquanto as importações mundiais tendem a alcançar, neste exercício, volume 10% maior que o de 2011, as importações da China tendem a um recuo próximo de meio por cento.
Fonte: AviSite